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Como é que lidam com o governo já não exigir máscaras em restaurantes e lojas? E poderem ir a eventos culturais com lotação máxima? E os bares e discotecas terem reaberto? E os estádios de futebol voltarem a encher? E tudo isto sem certificados de vacinação? Não era suposto terem-nos tirado mais e mais liberdades? Isto não era o início do 4º Reich?
Qual é a próxima teoria de merda para que se vão virar agora que esta já só vos faz fazer figura de chanfrados? Voltam ao racismo habitual e à "substituição étnica"? Ou migram para uma nova qualquer que apanhem um dia no esgoto a céu aberto da Fox News?
Na semana passada vi youtubers de direita e várias declarações em fóruns e grupos de direita expressando revolta e críticas ao governo chinês e ao massacre da Praça Vermelha.
Acho muito válido lembrar dessa calamidade da história humana, afinal sempre corremos o risco de repetir os erros do passado. Por outro lado eu também acho curioso como a direita não faz questão de lembrar das várias tentativas de golpe (e de golpes!) da nossa história, nem do genocídio das nações indígenas orquestradas pelo estado brasileiro com parceria de grandes latifundiários, do nosso histórico de violência policial, etc.
Fiquei pensando se o que move as divulgações de revolta contra o massacre na China em 1989 não é a mesma coisa que move a direita militar contra o direito de interromper a gestação. Afinal, as "pautas" da direita costumam ter uma coisa em comum: A falta de necessidade de ter responsabilidade com aquilo que está sendo defendido.
Pra brasileiros é muito mais simples falar de eventos estrangeiros do que os internos, não precisamos assumir responsabilidade alguma! No fundo, não se entra em nenhum tipo de conflito real. É similar à ver um filme e atacar o "vilão". No caso do aborto é semelhante, afinal, diferente das mulheres grávidas os embriões não fazem reclamações e não precisam de auxílio real. Embriões não exigem auxílios, melhores condições de vida ou liberdade pra se posicionarem.
Se posicionar contra a ditadura militar é se posicionar contra figuras que tem poder até hoje, é se posicionar contra políticas que até hoje estão em vigor. Se posicionar contra o genocídio indígena é enfrentar interesses de pessoas que estão aqui e que compartilham o mesmo país que o nosso.
A estratégia da propaganda é simples: O estímulo de se sentir como um "defensor da liberdade" contra um "vilão" é sentido, ainda que a pessoa não precise colocar sua cara a tapa. É como jogar video-game, é similar à pessoa que diz que ela não é racista ou fascista pq "mata nazistas no joguinho". A direita brasileira parece um amontoado de crianças brincando de política, embora, na verdade, seja bem pior que isso.
edit: Não é Praça Vermelha, é a Praça da Paz Celestial (na China).
Falo do preço dos combustíveis, Internet, rendas, carros... Enfim, a lista continua. Com a quantidade de gente que há a ganhar o salário mínimo (somos o segundo país da Europa onde o salário mínimo está mais próximo do salário mediano) com famílias para sustentar, não admira que hajam tantas dificuldades económicas. A questão é, o que é que podemos fazer para reverter a situação? Se calhar só podemos esperar que as coisas melhores ligeiramente e muito progressivamente ao longo das próximas gerações, o que explica porque é que há tanta gente a ir lá para fora...
